
Vamo que vamo!
O que dizer quando um curta-metragem te entrega o que você esperaria de um longa-metragem? Assim surge Portrait of God. Certamente eu iria direto escrever uma crítica no HorSI sobre o quanto eu adorei esse filme. Um filme simples que te entrega tudo com o poder da sugestão e faz sua mente e ir longe! O Real significado de que menos pode ser muito mais.
Havia um tempo, de fato, que uma obra não me prendia tanto e não me dava aquele gelo na espinha que geralmente sentimos quando consumimos uma obra de horror. O engraçado é uma obra conseguir gerar esse tipo de sentimento do absoluto nada, ou melhor, do simples poder da sugestão.
Resumo da Obra
Como estamos falando de um filme curta-metragem, vamos direto a sua sinopse:
Uma garota religiosa precisa aceitar sua fé ao analisar uma provocativa pintura de Deus
IMDB
E o resumo de sua história:
Início
O filme começa com uma citação bíblica:
Homem nenhum pode ver a minha face e viver!
Êxodo 33:20
Uma jovem chamada Mia Reilly começa a repassar um texto de uma apresentação que lhe parece muito importante. Ao que tudo indica, ela mesma é a pesquisadora, redatora e locutora desse texto que servirá como base para a apresentação, que se trata da amostragem de uma suposta foto de Deus.
Conforme ela percorre o texto e mostra gravações de pessoas que viram a foto, nota-se que elas viram algo que não é condizente com o restante das pessoas que a vêem, incluindo ela mesma. Em vários momentos pela expressão facial e verbal da protagonista, nota-se que ela está incomodada por não ver o que essas pessoas viram.
Enquanto ela grava podemos acompanhar um cronômetro que Mia startou no início da leitura. Em todos os momentos ela pede que a atenção de quem está assistindo se mantenha na foto da pintura, e que os espectadores descrevam o que vêem. Importante salientar a veemência da trilha sonora dessa obra, que é fenomenal.
Nesse meio tempo, Mia ressalta novamente o fato que várias pessoas vêem a foto e não contemplam somente um fundo preto vazio. Nas gravações é descrita a figura de um homem muito magro que está sorrindo, sua boca parece manchada nos cantos com se fosse uma máscara, com olhos bem grandes que expressam amor apesar de brilharem com seu poder indefinido, o que incomoda, porém são encarados com ternura.
Meio
Logo após os relatos e mais um questionamento desses avistamentos, Mia apaga o que gravou e recomeça a leitura do zero, startando mais uma vez o cronômetro do gravador em seu celular. Dessa vez ela maneja e segura um crucifixo que leva em seu pescoço em um cordão. Nesse momento também nota que dois pontos cintilantes surgiram do escuro da foto, como se fossem dois olhos. Então levanta-se e chega mais perto da tela de apresentação.
Aos poucos Mia começa a sorrir e uma imagem como a descrita nas gravações começa a surgir na tela de forma obscura. Ela retrai a tela, porém a imagem não some, e em um momento a figura da tela se move. Em profundo pavor ela corre para fora de onde está. A atuação demonstra nuances de medo sutis e expressivas que são raras.
Final
Assim que Mia sai do recinto na luz do dia, a luz some instantâneamente e ela se vê sozinha em um escuro absoluto. Nesse escuro, ela vê a imagem surgir e ir até ela quieta e lentamente, enquanto ela agarra seu crucifixo cada vez mais forte e recita uma oração de proteção cada vez mais urgentemente.
Quando a figura está perto, ela maneja o rosto de mia com as mãos velhas e com unhas sujas para sua direção. Quando Mia está virada para ela, surge uma luz que aumenta gradativamente, enchendo os olhos dela aos poucos e Mia demonstra uma expressão de fascínio enquanto seus olhos estão cada vez mais brilhantes. A filmagem dessa cena é linda, em como os olhos da protagonista refletem a luz que vêem aumentando gradativamente.
A cena corta, e a protagonista está ainda em frente a tela da foto, com os olhos lacrimejando absurdamente por não piscar. Sua mão que segurava o crucifixo sangra por tanto apertá-lo e o sangue escorre por sua blusa. Sutilmente a cena corta para o cronômetro, revelando que ela está ali há três horas, e que a experiência anterior foi espititual ou imaginativa, não física. O filme termina exibindo a foto de Deus.
Para quem ficou curioso para ver o filme, ele está na íntegra no Youtube:
Considerações Finais
Repetindo o que falei no início: havia um tempo que uma obra não me prendia tanto e me dava quele friozinho na espinha de medo do absoluto nada/tudo. Como vocês puderam conferir, o curta segue sem acontecer “nada” até o fim, e mesmo assim você não consegue desgrudar os olhos dele! Uma obra incrível do horror cósmico para todos os fãs do gênero assistirem.
Portrait of God tem a duração que precisa e nada mais, sendo enxuto e eficaz em sua linha narrativa e isso sustenta o terror. Antes curto e eficaz do que longo e chato, correto? 😂 Piadas à parte, o curta vale muito a pena e indico a todos! Serão 7min inesquecíveis.
Nota
8 / 10
🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟★★
Duração
7m30
Direção
Dylan Clark
Elenco
- Sydney Brumfield
Mia Reilly - Dylan Clark
Figure in the Painting